São Paulo- uma cidade desgovernada
Em plena pandemia da COVID-19, uma tragédia marca a principal cidade
do País - a ausência de governo. O executivo municipal se mostra incapaz
de formular, coordenar e executar ações necessárias para o controle da
transmissão do vírus - orientar a população, exercer o papel de
solidariedade organizada e universal aos seus habitantes e atender os
doentes na sua extensa rede de saúde.
Uma tragédia, infelizmente. O prefeito, moço educado, bem falante, na
direção geral correta sobre o combate ao vírus, seu secretário de saúde
idem. Mas, assim como o conjunto do seu governo, não age. Amarrados
pela burocracia, pelo centralismo fiscal do associado do Posto Ipiranga,
responsável por administrar as finanças municipais, não conseguem se
mover. O assunto é tratado, na prática, como coisa da saúde, com uma
secretaria esvaziada e com reduzida capacidade de operação, e não como de
responsabilidade do conjunto do governo e com a urgência demandada.
Numa demonstração de um padrão de miopia política, o que aparece do
governo municipal são, em plena crise, calçadas em locais de grandes
visibilidades sendo refeitas, bem como a repaginação do Vale do
Anhangabaú, ambas as atividades não essenciais, cujos trabalhadores nelas
envolvidos deveriam ser deslocados para ajudar o combate à pandemia; por
exemplo: reformando áreas de hospitais públicos precárias, adaptando
escolas, melhorando estruturas das Unidades de Saúde para dar melhores
condições aos trabalhadores da saúde e melhor atender pacientes.
Na batalha para superarmos a situação atual e futura no campo da saúde, o
esforço para leitos de UTI vem sendo realizados, ainda que possa ser
complementado pela integração dos leitos dos hospitais privados, em caso
de necessidade. Mas a atenção primária realizada pelo PSF, pelas UBS, o
atendimento de urgências pelas UPA e PS têm papel decisivo, não apenas
para o diagnóstico precoce para encaminhar aos níveis de tratamento
adequados, como para orientar isolamentos e quarentenas. Bem como para
o monitoramento da população após o termino das medidas de
distanciamento social. Novas restrições podem ser necessárias e
precocemente identificadas, menos danos a pessoas e á sociedade.
O que fazer?
AJUDAR O POVO DA CIDADE
1. Convocar cada subprefeito; responsáveis locais das subprefeituras das
áreas da educação, assistência social, do esporte, da cultura; representantes
dos partidos; representantes de movimentos de saúde, de moradia; de
sindicatos de trabalhadores; de igrejas; das diversas atividades
empresariais, para instituir em cada uma das 32 subprefeituras comitês de
ação contra a crise do provocada pelo SARS-CoV-2, com a formação de
subcomitês em cada um dos 96 distritos da cidade.
2. Comitês formados pelos querem lutar contra a expansão da doença,
salvar vidas e ajudar o povo a viver com abrigo, comida e mínimo conforto
físico e mental para superar o duro período. Pessoas e entidades que se
aliem às políticas recomendadas de restrições à circulação na rua e ao
trabalho, que devem ser restritas às atividades essenciais (saúde,
locomoção, alimentos, energia, limpeza pública, comunicações. Segurança,
bombeiros, indústrias de insumos para a saúde e a vida).
3. Organizar a integração das áreas de educação, assistência social,
habitação, cultura e esporte junto à saúde, cada um no seu papel, mas todos
formando um batalhão que atende, conversa, que ouça os reclamos e
necessidades da população e os transmite para os Comitês formados no
espaço das subprefeituras irem em busca de rápidas soluções.
4. Comitês que confiram se os desempregados e os que precisam estão
recebendo repasses prometidos pelo Governo Federal e, se necessário,
pressionar os governos do Estado e da cidade para complementá-los.
5. Comitês que transformem os CEUS e outras unidades físicas do poder
público ou buscadas entre as de privados, em áreas para isolamento ou
quarentena para pessoas cujas casas não têm condições adequadas.
6. Comitês que se virem nos trinta para organizar a produção na região de
insumos para a saúde, como mascaras, aventais, sapatos; que busque fora o
que não têm no local; que olhe para o suprimento de alimentos, para
garantir que não falte água, gás e energia elétrica exercendo marcação
cerrada nas prestadoras desses serviços.
7. Comitês que organizem as informações centralizadas da região e as
transmitam à população diariamente, pelas rádios comunitárias e as mais
diversas mídias.
8. Comitês que exijam os dados, de suas áreas de abrangência, do programa TELE-SUS que o Ministério da Saúde informa coletar da população em todo país. Essas informações poderão ajuda-los na ação de tratamento e prevenção.
Um movimento São Paulo tem jeito – recuperar a ação pública em época de crise 19/04/2020-UPS
Publicado no viamundo em 19/04/2020 Prof. Dr. Ubiratan de Paula Souza
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